Uma das principais residências da família Saboia, a Reggia di Venaria Reale é um ponto entre um mergulho na história e a grandiosidade arquitetônica, pertinho de Turim
Índice:
Introdução
Quem visita a região de Piemonte, na Itália, deve ter o Palácio de Venaria como uma das paradas obrigatórias. Conhecido como o Versailles italiano, o local era uma das residências dos Savoia e, por isso, tombado como patrimônio mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) desde 1997.
A região do Piemonte é consagrada por ter uma das arquiteturas mais marcantes do noroeste italiano, pois muitas de suas construções remontam o barroco e chamam atenção pela beleza de seus afrescos nos interiores dos edifícios.
Como um grande show de cultura e mergulho na história, Venaria Reale é um complexo erguido no século XVII que incorpora o palácio com jardim Reggia Diana, e um parque de 3 mil hectares chamado La Madria. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse centro histórico? Para isso, precisamos revisitar as origens dos Saboia.
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A família Saboia
A Casa de Saboia (Savoia em Italiano) é uma das mais antigas famílias nobres da Europa. Por volta do século XVI, eles deixaram seus interesses nas regiões dos Alpes, e se concentraram na península Itálica – fato que ficou marcado pela mudança de seu ducado para a cidade de Turim.
Como, também, uma das mais importantes casas da época, eles lideraram o movimento pela unificação italiana, que levou à proclamação do Reino da Itália, no século XIX. A partir desse momento, é quando a história da família e da Itália se confundem.
Em tempos de conquistas de territórios, partilhas e secessões, enquanto um duque de Saboia defendia seu reinado na Espanha, a dinastia da casa lutava por espaços na Etiópia e na Albânia. Finalmente, em 1720, Vittorio Amadeu II se tornou rei da Sardenha, assim como a sua linhagem. Seu descendente direto, Vittorio Emanuele II, consagrou-se o primeiro Rei da Itália unificada em 1861.
Deu para entender o peso dessa família? O reinado da Casa de Saboia atravessou séculos e viu seu fim em 1946, com o referendo que declara a república como forma oficial de Estado na Itália. Em seus tempos de glória, eles habitaram diversos palácios, lembrados como as antigas residências da Casa de Saboia.
Unesco declara residências de Saboia como patrimônio Mundial
Em 1997, a Unesco declarou as residências da Casa de Saboia como patrimônio mundial. Ao fazer isso, o órgão define esses locais como de grande importância histórica e cultural para a humanidade, promovendo um status oficial que lhe garanta maior preservação e conservação.
Essas residências são formadas por um conjunto de palácios na província de Turim, que veem o seu esplendor no noroeste da Itália.
Entre as residências, temos, em Turim:
- Palácio Real de Turim;
- Palácio Madama;
- Palácio Carignano;
- Castelo Valentino.
Aos arredores de Turim:
- Reggia Venaria Reale;
- Castelo de Rivoli;
- Castelo de Moncalieri;
- Palazzina di Stupinigi;
- Castelo de Moncalieri;
- Castelo de Racconigi;
- Castelo de Govone;
- Palácio de Valcasotto.
Venaria Reale: onde fica?
Venaria Reale é uma comuna italiana na região de Piemonte, localizada a apenas 15km de distância do centro de Turim. Ela é uma área que compreende 20km quadrados e possui menos de 35 mil habitantes em seus confins.
História do Palácio de Venaria
Chamado de Reggia di Venaria Reale, o Palácio de Venaria é uma construção italiana situada na cidade de Venaria Reale.
Esta era uma das principais residências da Casa de Savoia, reconhecida pela grandiosidade de seus jardins e tendo sido sempre comparada à estrutura do francês Palácio de Versailles, por todas as suas similaridades. Segundo estudiosos, um monarca francês teria até roubado desenhos de Venaria para a construção do projeto.
O complexo piemontês inclui o parque e o “borgo” histórico de Venaria. Juntos, eles formam uma imagem que evoca uma espécie de colar, em referência ao Colar da Ordem Suprema da Santíssima Anunciação, um dos símbolos da Casa de Savoia.
No “borgo” foram levantadas casas de trabalhadores, que queriam habitar nos arredores do palácio real ou que serviam a família Saboia, e assim se formou a cidade de Venaria Reale.
Carlo Emanuele II de Savoia foi o responsável pela empreitada da construção do castelo na região. Inspirado pelo palácio erguido em Miraflores, na Espanha, para a esposa de seu pai, o duque quis também criar um edifício em homenagem à sua mulher, Maria Giovanna Battista di Savoia-Nemours.
Assim, ele comprou duas aldeias de Altessano Superior, que pertenciam a uma família milanesa, e deu início à construção.
As obras aconteceram entre 1658 e 1675, sob comando dos arquitetos Amedeo di Castellamonte e Michelangelo Garove. Já em 1693, franceses destroem algumas das construções, que recebem intervenções encomendadas por Vittorio Amadeu II.
Então, entre uma série de invasões e destruições, o palácio é entregue ao exército no ano de 1978, a fim de controlar a região. Com o fim das guerras, a área é cedida à Superintendência italiana, que mantém uma série de trabalhos de restauro até o final de 2007, quando é enfim aberto para visitação.
Como acontece a visita?
Bom, neste momento já deu para entender que o complexo é bem extenso, porque inclui o palácio, os jardins e, claro, um passeio pela pequena “borgo” de Venaria Reale.
A visita começa com a exposição permanente da Reggia, intitulada Teatro di Storia e Magnificenza, é uma viagem pela história e pela arte da Casa de Sabóia que leva os visitantes a uma caminhada de 2.000 metros do piso térreo ao piano nobile do Palácio Real.
A visita começa no imponente Salão de Diana do século 17 e continua através da elegante Grande Galeria, a solene Igreja de St. Hubert, as obras-primas arquitetônicas do século 18 de Filippo Juvarra e suas suntuosas decorações em estuque, e Ripopolare la Reggia – uma série de instalações multimídia evocativas de Peter Greenaway sobre a vida na corte.
A primeira parte da tela é uma apresentação da dinastia que concebeu e expandiu o Reggia. A exibição continua com uma grande Promenade à la cour através dos apartamentos do Duque e da Duquesa de Sabóia, os apartamentos do Rei e da Rainha, a Grande Galeria, a Rotunda Alfieri e a Igreja de São Hubert . Foi esta a “rota cerimonial” que caracterizou o Palácio do século XVIII e que os visitantes de hoje são convidados a descobrir, tendo acesso aos vastos espaços do Reggia e admirando a sua arquitetura única.
Mais de 500 obras de arte, incluindo pinturas, esculturas, tapeçarias, móveis, lustres, tapetes, banners, talheres, relógios e instrumentos musicais – alguns deles verdadeiras obras-primas – dão uma ideia do mobiliário original e recriam a atmosfera da corte antiga e o estilo do Séculos XVII e XVIII.
Os Grandes Estábulos de Juvarra com o Bucintoro marcam o fim da exibição permanente do Reggia.
A Galleria Sabauda no Reggia di Venaria
Em três elegantes quartos do século XVII, o Apartamento da Princesa Ludovica junto ao Salão de Diana, é o local da exposição apresenta prestigiosas obras de arte dos séculos XVI e XVII cedidas pela Galleria Sabauda do Polo Reale de Torino. 27 pinturas preciosas de artistas famosos (de Guido Reni a Guercino, de Rubens a van Dyck, Brueghel, o Velho e Brueghel, o Jovem ) compõem uma elegante exposição que é um tributo à soberba “galeria de quadros” do Reggia , a coleção de arte dos soberanos de Sabóia.
Exposição: Atelier do Acervo da Accademia Albertina de Torino.
A exposição oferece um cenário novo e evocativo para telas e esculturas que ilustram quatro séculos de “conhecimento artístico” (do século XVI ao XX) e também serve para sublinhar a importância do processo de aprendizagem para adquirir uma variedade de habilidades artísticas por meio direto contato com obras-primas do passado.
O Atelier das Artes, o novo espaço dos andares superiores do Palácio de Diana dedicado a esta exposição, que tem como grande mestre Paolo Veronese com duas pinturas extraordinárias recentemente atribuídas a ele que refletem os principais temas da mostra. , ou seja, Alegoria com uma esfera armilar e, e Alegoria da Escultura.
O Bucentauro e as Carruagens Reais
Os estábulos de Juvarra, marcando o fim da exibição permanente do Reggia, são um dos espaços mais imponentes de Venaria e um excelente exemplo da arquitetura barroca europeia.
Os Estábulos são a casa do esplêndido Bucentauro encomendado por Vittorio Amedeo II entre 1729 e 1731 e trabalhado em Veneza, o único remanescente de seu tipo. Hoje se apresenta em uma encenação inédita que inclui vídeos, luzes e música.
Também em exposição estão algumas das carruagens cerimoniais mais suntuosas usadas pela Casa de Sabóia no início do século XIX. Isso inclui a Berlim dourada , emprestada do Palazzo del Quirinale em Roma.
O Bucentauro e as Carruagens apresentam-se em conjunto no âmbito das atividades realizadas nos Estábulos Reais que dizem respeito às viagens do Soberano e do seu comboio. Constituem uma mostra permanente que se destaca pelo valor das peças apresentadas de uma forma moderna e extraordinariamente encenação poderosa e pelos insights únicos que eles fornecem sobre a história do Reggia, seu território e a Casa Real que o governou e sua época.
Os jardins
Os jardins originais do palácio foram destruídos no passado, e hoje deixam aos visitantes somente um gostinho do que poderia ter sido. Na época de Napoleão, os franceses transformaram o espaço em uma praça de armas, uma obra que destruiu as estruturas originais destinadas à preservação natural.
Daquele tempo, restaram somente as ideias. Sobraram os desenhos e projetos da época, que exibiam um jardim icônico, dividido em três terraços, que ligavam-se entre si por longas escadarias e elementos arquitetônicos.
Em sua história mais recente, a Reggia viu as suas ambientações naturais voltarem à vida, graças aos trabalhos e obras realizadas na estrutura. O tombamento por parte da Unesco ajudou nesse sentido, a fim de priorizar a preservação do espaço e investir na conservação desse bem cultural e histórico italiano.
Ainda assim, os jardins da Reggia são belíssimos e podem render fotos maravilhosas para quem os visita. Apesar de não serem o ideal estabelecido em sua criação, quem os vê não imagina que eles poderiam ser ainda melhores.
Hoje, os jardins da Reggia são uma linha tênue entre o antigo e o moderno, num diálogo entre achados arqueológicos e obras contemporâneas.
No parque baixo, estão algumas obras de Giuseppe Penone, que contrastam com a estrutura barroca que molda os externos do complexo. As esculturas fluidas do artistas se estendem por 500 metros. São cerca de 14 peças que trazem uma reflexão sobre os mundos mineral, natural e humano.
Enquanto isso, no parque alto, está uma instalação sugestiva de Giovanni Anselmo. São seis lastros de granito, em que está inscrito “Dove le stelle si avvicinano di una spanna in più”. Na tradução livre, “onde as estrelas se aproximam de mais um palmo”. Em uma incomparável visão entre os jardins italianos e a magnificência das construções em seu entorno, essa parada na pequena comuna de Venaria Reale se faz tão justa.
Com o desenvolvimento natural dos jardins, eles superam uma fase passada e entram em seu momento mais importante até então, desenhando-se de maneira mais evidente e definida, testemunhando uma transformação natural que os coloca no panorama dos grandes jardins históricos a serem visitados na Europa. Os jardins de Reggia Venaria Reale são uma experiência única.
Entre os meses de maio e julho, nos jardins, ainda é possível participar de uma programação de treinamento com os melhores profissionais de Turim, entre aulas de dança, yoga e tantas outras atividades a céu aberto. Para saber mais, confira as atualizações e explore todos os cantinhos do palácio de maneira online, por meio de seu site oficial, disponível neste link.
Fotografia
A Reggia também tem espaço para instalações contemporâneas. Desde 2018, está exposto um acervo antológico de Paolo Pellegrin, fotógrafo notório da agência Magnum Photos. Vencedor de uma série de premiações internacionais, com exposições ao redor do mundo que lhe renderam a fama atual, encontramos na “Sala delle Arti” do palácio um percurso imersivo entre as suas obras.
São mais de 200 fotografias que nos levam entre conflitos armados que dilaceraram o mundo à emergência climática em que a natureza é a grande protagonista. Essa mostra ainda apresenta uma seção especial e inédita dedicada a um conto pessoal do fotógrafo. Uma sala com fotografias feitas na Suíça com a própria família de Pellegrin, durante o período da quarentena, para controle da pandemia da Covid-19. Essa mostra ainda não tem previsão de ser desmontada.
Algumas informações importantes
Enfim, se Turim estava em seu itinerário ou se você estava pensando em considerar o destino, acreditamos que Venaria Reale precisa entrar na sua lista de lugares para conhecer. Ficou com vontade de conhecer e não sabe por onde começar?
Nós oferecemos serviços de guia em português para visitar a cidade italiana de Turim, bem como tantos outros importantes do Piemonte. Para você não se preocupar com as complexidades de transporte, temos também serviços de transporte com motorista em Turim. Saiba mais!
A Reggia di Venaria está localizado a cerca de 10 km da cidade de Torino. Pode ser facilmente alcançado de carro, trem, ônibus, táxi e bicicleta.
- De carro: Circular Norte de Torino (Tangenziale Nord), saída: Venaria ou Savonera / Venari
- Estacionamento: Estacionamento Castellamonte (parque A) e estacionamento Carlo Emanuele II (parque B) via Castellamonte e viale Carlo Emanuele II, Circular Norte de Torino (Tangenziale Nord), saída Venaria / “La Venaria Reale – Reggia e Giardini” Coordenadas geográficas dos estacionamentos A e B: 45.137706, 7.626938 Estacionamento Park La Mandria Viale Carlo Emanuele II (Ponte Verde)
- De ônibus: Ônibus “ Venaria Express ” operado pela GTT
- Ônibus municipal : Linhas 11, 72 e VE1 de Turim
- CitySightseeing Turin, Linha C
- De trem: Linha ferroviária Torino-Ceres
- De táxi: Tanto a Radio Taxi Torino (+39 011 5730) quanto a Pronto Taxi Torino (+39 011 5737) oferecem aos visitantes da propriedade Venaria Reale as seguintes taxas fixas:
- De bicicleta: A Reggia di Venaria está incluído na ciclovia que conecta as Residências Reais de Piemonte, conhecida como a ciclovia Corona Verde (Coroa Verde). Para maiores informações: La Corona di Delizie na bicicletta Corona Verde Stura
A Venaria Reale está aberta de terça a domingo, o horário de funcionamento depende da época do ano e do que você deseja visitar. Consulte aqui.
O Palácio oferece uma variedade de ingressos para diferentes necessidades e interesses. Consulte aqui.
Exemplo: Bilhete visita ao Palácio, aos Jardins e às mostras são 20 euros
Dentro da Reggia, há vários locais:
- Restaurante Dolce Stil Novo – restaurante com estrela Michelin com chef Alfredo Russo.
- Café Patio dei Giardini (casa do jardim) – O Café rodeado pelos Jardins, para lanches e petiscos
- Caffè degli Argenti – um elegante café ao longo da exposição permanente da Reggia.