Neste texto conto como foi meu Roteiro no Piemonte, entre trufas e vinhos, entre Langhe e Roero, para que você possa se inspirar e conhecer as várias cidades interessantes da região, conhecida pela excelência do seus vinhos e das suas trufas brancas.
Este roteiro eu, Deyse fiz em janeiro, com a viagem organizada pelo Consórcio de turismo local. Eles montaram então algumas atividades e experiências para que eu conhecesse o que tinha de melhor na região do interior do Piemonte.
Este roteiro é indicado para lua de mel, romance, para quem adora uma viagem gastronômicas e enoturismo.
Índice:
Algumas considerações sobre o roteiro:
- Para visitar a região, cheia de pequenas cidades graciosas, você tem 2 opções:
- reservar um carro/van com motorista
- ou alugando um carro e fazendo o trajeto por conta própria.
- O hotel da viagem foi organizado e programado pelo Consórcio. Foi um ótimos hotel 5 estrelas, com restaurante estrela Michelin e spa.
- As atividades que foram propostas foram uma maneira ótima de conhecer a região, sua cultura e gastronomia, sem pressa num ritmo tranquilo.
- Você pode modificar e incluir outras cidades legais como: Turim, Alessandria, Asti, Biella, Cuneo e Novara.
- As cidades que eu visitei são realmente muito próximas, algumas eram distantes uma das outras de 15 minutos, e como são pequenas (exceto Alba), é possível visitar várias delas em 1 dia.
- O Piemonte possui outras áreas de vinhos que podem ser exploradas como: a área de Dolcetto d’Alba, Moscato, Grignolino e Nebbiolo, etc.
Curiosidade:
- Um fato curioso é que, enquanto Barolo e Barbaresco são os vinhos mais conhecidos do Piemonte, eles representam apenas cerca de três por cento da produção total de vinho da região.
- Barolo, Grinzane Cavour, Serralunga e La Morra são o coração desta área que tem conquistado a nível mundial, não só com seus prestigiados vinhos, mas também a sua maneira de fazer cultura. Três destes países recebem a Bandeira Laranja, uma identificação como burgos dos mais belos da Itália, o reconhecimento que premia as aldeias aconchegantes.
Quanto ir?
As paisagens da Langhe e Roero evocam fortes emoções durante todo o ano. Suas colinas de vinhedos, castelos magníficos que dominam os vales cheios de vilarejos pitorescos e vinícolas, tornam a área do Piemonte uma das regiões mais cênicas e interessante da Itália. No entanto, o outono é o tempo ideal para melhor respirar a poesia, admirar sua beleza, descobrir os seus tesouros, saborear as delícias gastronómicas, e para melhor apreciar a cultura do vinho.
– Bomba em: Julho, Setembro, Outubro, Novembro
– Alta Temporada: Maio, Junho, Agosto, Dezembro
– Baixa Temporada: Janeiro à Abril
Onde ficar?
O ideal é poder ficar em um Castelo ou Hotel com possibilidade de um bom restaurante para imergir na cultura local. Eu fiquei no Relais San Maurizio, em Santo Stefano Belbo. Foi bom porque estava no caminho entre várias cidades e tinha, além de um restaurante estrelado, um spa nota 10 (veja mais abaixo)!
1° dia
No primeiro dia de passeio, fui da Toscana, onde moro, até a estação de trem de Asti, e dali o transfer me buscou e me levou diretamente a Govone, uma pequena cidade me meio as colinas suaves do Piemonte.
Govone está localizado na área de Roero, faz divisa com o Monferrato e o Langhe. O município tem cerca de 2.000 habitantes, está localizado em uma colina à 301 metros acima do nível do mar. Inclui seis vilarejos (S.Pietro, Canove, Traviano, Trinità, Montaldo, Piana) que se estendem para as montanhas circundantes e da planície, perto do rio Tanaro. A economia local é essencialmente agrícola: características são as suas adegas culturas com excelente produção de Barbera, Bonarda, Dolcetto, Nebbiolo e Arneis. Centro vinícolo importante, a cidade tem uma das produções mais cotadas de Barbera, videira que sobre estas colinas adquire um sabor particular.
Govone é dominada por um castelo barroco espetacular, com um grande parque. O Castelo Real de Govone é uma das residências da família real de Savoy que a UNESCO introduziu na lista do património artístico mundial em 1997. Na escuderia do Castelo fica o restaurante que fiz a parada para o almoço, o La Scuderia del Castelo, onde é possível viver uma experiência culinária! Os pratos são uma expressão autêntica do território e da grande tradição dos produtos típicos da Langhe. Os Chefs são David Sproviero e Fabio Poppa. No restaurante ainda há a opção de provar uma vasta seleção de vinhos combinados para cada prato. Muito bom, nota 10!
Posteriormente fui, sempre com o transfer, conhecer uma vinícola em Neive. As estradas que levam a Neive com a paisagem típica do Langhe, feitos a partir de colinas cobertas de vinhedos são uma das mais incríveis do Piemonte. Esta cidade é uma grande produtora de vinho. Existem quatro tipos de vinhos produzidos a partir colinas Neive: Barbera d’Alba, Dolcetto d’Alba, Barbaresco e Moscato d’Asti.
A vinícola fica na área subterrânea do Castelo da cidade, onde ocorre a visita, mas os irmãos Stupino são proprietários de 60 hectares de terra, todas no município de Neive, na área de Langhe. Destes, 26 hectares para o cultivo de uvas. Toda a produção de vinho, cerca de 12.000 garrafas por ano, são obtido a partir de uvas da propriedade. A visita da vinícola é incrível, você pode ver no vídeo abaixo. Depois da visita, degustei alguns dos seus vinhos.
Ainda deu tempo de visitar outra vinícola, em Treiso, com uma paisagem incrível do pôr do sol. A vinícola produz Barbera, Barolo, Dolceto e Langhe, e a visita é bastante didática com uma degustação do fim. Veja no vídeo abaixo.
Depois da vinícola, fui direto ao Hotel que fiquei hospedada por todo o tempo, em Santo Stefano Belbo. O Relais é um hotel 5 estrelas, era um antigo Monastério de 1619 que foi restaurado. Conta com 2 ótimos restaurantes, um bar e uma área relax que eu conto mais ao final do texto.
Neste dia jantei junto com o pessoal do Consórcio no restaurante do hotel, o Guido da Castiglione, que possui uma estrela Michelin. A cozinha é tipicamente mediterrânia e Piemontese com experimentação contemporânea, para atender aos gostos dos muitos turistas estrangeiros, com respeito pela tradição e a matéria-prima que vem quase exclusivamente das zonas circundantes. Um dos pratos mais curiosos foi o “plin al tovagliollo“, ou seja a massa tipica dessa região do Piemonte (que eu explico mais afrente no texto), que neste restaurante, tem a característica de ser servido “como antigamente”, no guardanapo de linho, sem nenhum tipo de molho, para ser degustado com a mão! Sem colher!!!
2° Dia
No segundo dia fui direto à cidade de Alba, onde tive uma das experiências mais legais, a aula de culinária piemontese com a Fernanda (nos contate para fazer esta aula aqui). A Fernanda é uma italiana que fala português perfeitamente porque fez uma viagem atraves de uma ONG no Brasil para fazer voluntariado. Ela ensina pratos italianos, mas sobretudo pratos típicos Piemontese, como a massa “plin” que citei acima. O “plin” é uma massa recheada, como um ravioli, porem que é fechado a mão, fazendo um “plin”, daí vem o nome. Durante a aula ela ensina desde ideias de entrada, massa, carne, acompanhamento e sobremesa, tudo com uma boa tacinha de vinho e muito alegria. Ao final da aula almoçamos os pratos que nos fizemos.
Depois, à tarde fiz uma caça às trufas com o “Trifolao“(sabia mais aqui), que é como eles chamam no Piemonte o caçador de trufas. O passeio ocorre no meio ao bosque, onde o caçador e seu cão fiel saem à procura deste diamante da culinária italiana. No início ocorre uma pequena explicação sobre o tartufo (nome em italiano da trufa), este túbero precioso, e raro, que nasce em meio os bosques da Itália, e, no final, ainda teve degustação à base de trufas em uma típica fazenda, para saborear o seu aroma intenso e inimitável.
Ainda fiz um passeio à pé pela cidade de Alba, conhecida como “a cidade das cem torres medievais”, onde estas são bem conservadas no centro antigo da cidade (claro que hoje já não há exatamente cem, mas algumas dezenas), com uma grande atmosfera. Alba não é apenas bonita, é um excelente lugar para comer e não é à toa que ela é conhecida como a “capital gourmet do Piemonte”, e também como a “capital do tartufo”, pois nesta cidade todos os anos acontece o maior Mercado do Tartufo da Itália. Em particular a cidade é famosa por suas trufas brancas e pelos chocolates, pois é a cidade onde Ferrero Rocher (leia-se Nutela) tem a fábrica e onde o lendário chocolate Gianduia foi inventado (já deu fome ne?).
Depois foi hora de conhecer mais um restaurante da área, ao Borgo Vecchio Neive, no Restaurante Donna Selvatica, o único restaurante em Neive que possui vista panorâmica para as colinas de Barbaresco, património mundial da UNESCO desde 2014. São servidos pratos tradicionais e revisitados pelo Chef Gabriele Piscitelli. Eu ainda sonho acordada com o ovo “in camicia” com queijo fundido que comi ali, maravilhoso!!!
3°Dia
No terceiro dia na região visitei uma fazenda de queijos do Silvio (saiba mais sobre esta experiência aqui), um personagem incrível, conhecendo um pouco da fazenda e das suas 35 ovelhas. Ele explica como ele faz o queijo, e depois há uma deliciosa degustação de queijos enorme, claro, com vinho. É uma experiência incrível para quem gosta de queijos e uma ótima forma de passar uma bela manhã na companhia de um produtor que ama o que faz. Só pra vocês terem ideia, ele vende tudo o que produz aos restaurantes de classe da região, mas tem uma simplicidade incrível.
Pausa para o almoço em outra cidade, em Castiglioni Falletto, no Ristoranti Le Torre. O restaurante é localizado no centro da cidade, e o casal de proprietários são muito gentis. O pão servido é caseiro, delicioso, menu cheio de pratos tradicionais, às vezes revisitados. Pedimos uma tigela de tajarin (espaguete muito fino, típico da região) com molho de carne: ótimo! Um prato que por si só vale a visita ao restaurante. A vista das colinas é incrível (dá pra ver no vídeo).
Dali fui visitar uma vinícola que faz um delicioso Barolo em Serralunda D’Alba. No início da visita, tive uma ótima explicação sobre a região do Barolo e sobre o vinho. Depois fiz uma visita guiada pela vinícola, terminando com uma deliciosa degustação de Barolo, Barbera, Langhe e Dolcetto D’Alba.
Terminei o passeio do dia, com um giro panorâmico com o motorista pelas cidades de Grinzane, Barolo, e La Morra (tour dos Castelos). Ao longo da estrada principal 157 que lentamente leva para o Castello di Grinzane Cavour é impossível não ficar fascinado pelo espetáculo diante de seus olhos, as colinas cheia de vinhedos com aquela névoa característica dessa região fascina, e a cada curva que, de repente revela outra enquadramento mais bonito ainda…. No alto da colina, fica o Castelo, imponente local onde em novembro ocorre o leilão Mundial da Trufa (asta mondiale del tartufo), com vista para as vinhas. Antes de chegar à praça onde se ergue uma das mais belas jóias arquitetônicas da região da Langhe, aproveite para tirar mil fotos das pelas colinas circundantes com uma vista de tirar o fôlego, no fundo, os Alpes. O castelo foi construído no século XIII e foi residência de Camillo Benso di Cavour, uma herói italiano.
Depois ainda visitei a cidade do vinho, Barolo (saiba mais aqui), com o castelo do Marquês Falletti de Barolo, uma poderosa família de banqueiros, onde imperdível, é o Museu do Vinho, emocionante viagem na cultura do vinho. E por fim, visita La Morra localizada em uma colina a mais de 500 metros acima do nível do mar. A vista deslumbrante abrange um 360° do Langhe, e é quase possível tocar os castelos ao redor. Esse passeio que fiz esta incluir no tour dos Castelos do Langhe com guia em português.
Retornei ao meu Hotel em Santo Stefano Belbo e jantei ali mesmo, no restaurante que eu adorei, e por isso repeti, o Guido da Castiglione (falei dele acima), que possui uma estrela Michelin.
4° Dia
No outro dia descansei no Hotel onde estava, o Relais San Maurizio, que tem um Spa incrível! Eu fiz o banho “Hammam Di Vino” onde o tratamento ocorre em 3 fases. Primeiro fiz uma sauna (eles chama de Biosauna) dentro de um Barril (botte) de vinho de 1800 restaurado que ja conservou centenas de litros de Barolo. Depois um banho de vinho dentro de um bain barrique, nada mais que um barril cortado em forma de ofurô, onde são colocados litros de água e vinho. Durante o banho é servida uma taça de vinho barolo para relaxar (vocês não imaginam o quanto é bom isso!) e depois uma massagem dentro de um outro barril, onde foi coloca uma pequena cama feita a partir de sementes e cascas de uva secas, que liberam calor para o corpo e, em conjunto com o aroma de Barbera, dá sensação de relaxamento total. Custo 190 euros, e pode ser feito em casal.
Terminei minha estadia com almoço no restaurante do hotel, uma bela lasanha, e depois, com o motorista, fui até a estação de Asti para retornar à Toscana.
Lindas colinas como a Toscana, e como estas cobertas também de vinhedos, a região de Langhe e Roero possui muitas cidades encantadoras e pequenos vilarejos a serem explorados.Neste roteiro é possível entrar em contacto com as jóias desta terra: sua produção de vinho, queijos, trufas e sua culinária incrível, assim como as suas tradições seculares, as pequenas jóias da arquitetura rural que adornam aldeias e encostas, testemunhas da era feudal feita de castelos e torres, e residências magníficas.
Espero que possa servir de inspiração para conhecer mais a fundo a região do Piemonte.
Não esqueça de visitar a nossa página sobre o Piemonte, e de conhecer as opções de tours no Piemonte que oferecemos.
Boa viagem!
Mapa
Nota: Eu participei desta viagem como convidada pelo Consórcio turístico local. Caro leitor, a cortesia não condiciona este texto, ele faz parte de uma série de textos baseados nas minhas experiências durante esta viagem. Todos serão identificados. Não recebi dinheiro para escrever, portanto tenho total liberdade editorial e garanto o respeito aos meus leitores.
Olá, Deyse.
Estarei com meu marido em Piemonte do dia 05 ao 07, e do 07 ao 15 na Toscana! Ficaremos próximo à Siena e posteriormente à Florença.
Vocês sugerem algum passeio guiado? Ou alguma outra experiência?
Queremos queijos, vinhos, produtores locais, culinária local… (trufas, avelãs, queijos, etc…)
Agradeço e aguardo!
Excelente matéria!! cara Deyse, irei para Italia em maio e sairei de carro de Veneza fechando meu tour na região do Barolo. Sabes me dizer a média de preço (em euro) dos Barolos que você andou tomando por lá? Obrigado.
Ola, eu bebi Barolos com preços médios de 80 euros.
Voce viu que temos passeios de degustações de vinhos Barolos? Custa minimo de 25 euros por euros, veja aqui: https://tournaitalia.com/piemonte/tours-e-experiencias-no-piemonte/
abs e boa viagem