Como principal comuna da península salentina, Lecce é um mergulho na história entre numerosos edifícios icônicos que são a melhor representação do Barroco.
É apaixonado por arte? Você precisa conhecer as belezas de Lecce, cidade italiana situada na região da Puglia. Como principal comuna da península salentina, com mais de 95 mil habitantes, a sua história remonta a mais de 2 mil anos atrás.
Também chamada de “Florença do Sul” por conta da sua riqueza barroca, espalhada por todo o seu centro histórico, representada principalmente pela Igreja de Santa Croce e pela Piazza del Duomo.
Além disso, ainda estão na cidade ruínas da Roma Imperial, como o icônico anfiteatro, construído no século 2, e que até hoje impressiona pela sua construção arquitetônica.
Lecce já foi colônia grega, e por isso adquiriu tamanha importância durante o período imperial romano. Na Idade Média, ela vira referência cultural, com a multiplicação de espaços de arte em seus confins.
Grande parte de sua arquitetura é marcada pelo barroco, que hoje é exemplo do estilo, e essa herança segue fortemente preservada na cidade. Essas ricas decorações que adornam os edifícios históricos de Lecce foram possíveis graças à própria “pietra di Lecce”, encontrada na região e que pode ser esculpida com mais facilidade que outras rochas.
Localizada na metade do caminho entre o mar Ionio e o Adriático, Lecce recebeu o título de cidade da arte não só por sua arquitetura e representatividade barroca, mas também por suas origens gregas e pela dominação romana, ainda encontrada por meio de vestígios por todo o território da cidade e também no Museo Archeologico Provinciale Sigismondo Castromediano.
Índice:
A história de Lecce
Estudos e pesquisas, realizados nos últimos anos, revelaram que a região do Salento é habitada desde o Paleolítico.
Os testemunhos mais antigos apontam que os primeiros núcleos de habitação em Lecce foram cabanas construídas durante a primeira fase da chamada Idade do Ferro (século 6 a.C.). Elas foram identificadas durante escavações na cidade para instalação de sistemas elétricos e hídricos.
Essas são as teorias de início de povoamento na região. Já acerca da fundação da cidade, reza a lenda que a cidade já existia antes mesmo da Guerra de Troia, tendo sido fundada pela tribo itálica dos messápios. Mais tarde, ela teria sido ocupada pelos lápiges e, então, pelos romanos.
Por todo esse histórico de invasões, dominações e novos controles, a cidade é dominada por fortes muralhas defensivas, com mais de 3km de comprimento e 5 metros de espessura. As muralhas da cidade estão localizadas perto de Porta Napoli, nos arredores da Via Adua, Viale Lo Re e Via Manifattura Tabacchi. Elas são formadas por grandes blocos de calcário local e serviam como ponto alto da cidade para identificar invasores e impedir a sua entrada.
Depois da queda do Império Romano do Ocidente, a cidade de Lecce foi saqueada pelos Ostrogodos. Então, ela volta ao comando do Império Romano, dessa vez do Oriente, no ano de 549, e passa cinco séculos sob suas mãos, entre breves invasões de Sarracenos, Lombardos, Húngaros e Eslavos.
Então, por sua posição estratégica, a cidade passou a ganhar importância em rotas comerciais. No século 17, Lecce é assombrada por uma doença que deixou milhares de vítimas. O fim da praga foi atribuído à intervenção divina de Santo Oronzo, tido hoje como padroeiro da cidade.
Documentos mostram que Lecce nunca constituiu uma paisagem urbana regular, mas um tecido habitacional descontínuo. A cidade era servida por espaços que alteravam entre espaços agrícolas e locais de culto.
Mas, afinal, o que ver em Lecce?
Lecce é principalmente uma cidade barroca, por todas as suas construções e monumentos. Quem visita a cidade, espera se vislumbrar com o que há de cultura em seus confins. As decorações revestem edifícios e ocupam o interior de palácios completos, sempre trabalhando com o calcário característico do local, cores quentes e douradas.
A arte barroca se difundiu principalmente no século 17, durante a dominação espanhola, substituindo a arte clássica, e investindo nesse estilo, que repensa a fantasia e dá asas à imaginação.
A cidade velha está cheia de exemplos do funcionamento desta pedra em monumentos, igrejas, mas também varandas e terraços de casas particulares. No entanto, nem só de barroco vive a cidade de Lecce. Além de possuir uma rica gastronomia e um mar paradisíaco a poucos km de seu centro, a cidade é um destino imperdível para conhecer na Itália. Abaixo, conheça os pontos principais:
Anfiteatro e Teatro Romano
O Anfiteatro e o Teatro Romano estão localizados na Piazza Sant’Oronzo, dedicada ao padroeiro da cidade.
O primeiro veio à luz durante a construção do palácio do Banco da Itália. O segundo, por outro lado, apenas em 1929. Enquanto o anfiteatro pode receber até 25 mil pessoas, o teatro pode receber até 5 mil pessoas. Tendo já hospedados jogos de gladiadores, hoje essas estruturas hospedam uma série de eventos, fomentando a cena cultural de Lecce em algo sempre mais ativo.
Cattedrale Santa Maria Assunta
O Duomo, como também é chamada a Cattedrale Santa Maria Assunta, é uma parada obrigatória para quem chega à cidade. Ele foi construído a partir de 1659 pelo arquiteto Giuseppe Zimbalo, que revisitou o edifício anterior em profundidade, dando à catedral um toque de “Lecce barroco” presente em toda a arquitetura religiosa da cidade.
Museo Faggiano
Na Via Ascanio Grandi, está a igreja de San Niccolò dei Greci, lugar de culto da comunidade de Arbëreshë Salentina, e o Museu Faggiano, que até 2000 não passava de um edifício privado do centro histórico da cidade.
Em 2001, devido ao trabalho de manutenção, o chão teve que ser quebrado. Foi assim que do subsolo surgiram vários artefatos de considerável importância histórica: um piso da era messapica; cisternas para a coleta de água da chuva e a conservação do trigo.
Entre outras coisas, descobriu-se que a casa tinha sido um convento fechado, presumivelmente, entre os séculos XVI e XVII. Todos estes testemunhos vieram à tona graças a um trabalho de restauração paciente, que terminou em 2007, realizado pela família Faggiano, proprietária do imóvel (daí o nome do Museu), sob a supervisão da Superintendência do Patrimônio Arqueológico de Taranto.
Museo Sigismondo Castromediano
Como museu mais antigo da Puglia, este conserva achados que vão desde cerâmica messapica, vasos do ático até estátuas da época imperial encontradas durante as escavações do anfiteatro. Assim, são mais de mil anos de história perfeitamente catalogados e contados para os visitantes.
Fundado em 1868 pelo arqueólogo italiano Sigismondo Castromediano (1811-1895), a instituição ainda abriga uma biblioteca e uma galeria de arte com duas seções: uma reservada para obras pictóricas de gosto renascentista e barroco, e outra para pinturas dos principais artistas do século XIX e XX da região de Salento.
Castello di Carlo V
Projetado pelo arquiteto real Gian Giacomo dell’Acaya, o Castelo foi um desejo de Carlos V de Habsburgo para defender a cidade dos perigos do outro lado do Adriático.
As últimas reformas modificaram radicalmente o aspecto medieval da fortaleza, mas os seus vestígios permanecem visíveis nas duas torres sobreviventes (Torre Maestra e Torre Mozza), bem como nos túneis subterrâneos sujeitos a intensa escavação arqueológica.
A partir do final do século XVI até a unificação da Itália, o Castelo de Carlos V passou períodos de declínio até que, em 1870, é transformado em Distrito Militar e colocado sob o controle do Ministério da Defesa do Estado italiano.
Finalmente, em 1979, o espaço passou a ser berço de exposições, espetáculos e conferências, bem como a sede do Departamento de Cultura da cidade.
Le spiagge
Entre todas as belezas arquitetônicas de Lecce, ainda está o fato de se encontrar no meio do caminho entre os mares Jônico e Adriático. A poucos km de carro a partir do centro da cidade é possível visitar diferentes praias encantadoras, com mares cristalinos. As grandes dicas ficam para Punta Prosciutto, em Porto San Cesareo, e Baia Verde, em Gallipoli.
Parco naturale regionale ”Bosco e Paludi di Rauccio”
O parque “Bosco e Paludi di Rauccio” abrange uma área de cerca de 1600 hectares, ao longo da costa adriática a norte de Lecce.
A sua floresta, com cerca de 18 hectares, apresenta um grande valor histórico e ambiental, já que constitui uma das últimas bordas da floresta antiga de azinheira, que incluía toda a faixa costeira desde a fronteira com a província de Brindisi.
A área da floresta de Rauccio escapou da destruição e desmatamento por conta de sua posição. Graças aos bancos de rocha de calcário, tornou-se impossível a exploração agrícola por lá. Em meio a tantas construções e campos de monocultura, o parque regional é um respiro verde perto de Lecce.
O parque é composto por várias zonas úmidas de grande valor ambiental: a Specchia della Milogna, uma área pantanosa que faz fronteira com os três lados da floresta, e a Bacia do Idume, de grande valor da fauna, em que fluem as águas recolhidas nos canais Rauccio, Gelsi e Fetida.
Essas zonas têm uma riqueza de biodiversidade e uma importância natural e de conservação de valor internacional.
O que comer em Lecce?
A viagem culinária por Lecce só poderia começar pelo rústico leccese. Ele é um produto de padaria, uma massa folhada recheada com molho béchamel, mussarela, tomate e uma pitada de pimenta.
Para acompanhar, entre os vinhos mais famosos, estão os tintos Copertino, Alezio, Galatina, Nardò, Leverano, e os brancos Leverano ou Salice Salentino.
Qual a melhor época para visitar a cidade?
Lecce é legal de ser visitada em qualquer época do ano, por conta de seu clima ameno. Em relação aos eventos na cidade, como em todo o sul do país, Lecce organiza festivais religiosos que encantam quem tem fé.
Entre os dias 24 e 26 de agosto, a cidade organiza a festa de Sant’Oronzo, padroeiro da cidade. Além da procissão pelo Santo, também uma série de performances teatrais e concertos nas praças de Lecce.
Também em agosto acontece a Notte della Taranta, um festival itinerante de música popular que domina vários lugares da região, apostando num estilo de canção super regional, a pizzica. Em outono, os fãs de cinema podem prestigiar o Lecce Film Fest, um festival de cinema europeu dedicado à promoção da cultura mediterrânea.
Por fim, o teatro tem espaço durante todo o ano, entre lindas óperas e uma série de atividades teatrais.
De onde é possível visitar a cidade?
Entre algumas cidades próximas, estão Brindisi (39km), San Foca (23km) e Otranto (45km). Para chegar na cidade, confira as alternativas abaixo:
- De carro: Chegando de Roma ou Nápoles, você deverá pegar a A1 para o sul, então a A16 na direção Pescara-Bari. No norte da Itália, no entanto, basta atravessar a A1 para Bolonha, e então a A14, cruzando Bari. Para chegar a Lecce a partir de Bari, basta seguir pela estrada principal 379.
- De trem: A estação de Lecce está localizada na Piazzale Oronzo Massari e é servida pela Trenitalia e por Ferrovias do Sudeste, que se dirigem para as cidades de Maglie, Gallipoli, Otranto e Santa Maria di Leuca, com a sua última parada em Gagliano del Capo, no Baixo Salento.
- De avião: O aeroporto mais próximo está em Brindisi, a 50km de Lecce.
- De ônibus: Várias empresas de ônibus fazem a rota Lecce a partir de toda a Itália. Entre elas, estão Flixbus, Marino e Baltour. Enquanto isso, partindo exclusivamente de Campania, Basilicata e outras cidades da Puglia, a rota também é servida pela Miccolis e Sita.
Para passear dentro da cidade, é possível desfrutar de todas as principais atrações turísticas andando pelo centro histórico. Os ônibus municipais ainda te levam a paradas mais distantes. Caso não queira se preocupar com transporte, oferecemos serviços de motorista particular em Lecce.
E agora, como visitar?
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